segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Além da procura

Busco-te nos confins da Terra,

Nos primórdios da existência,

Na razão da Verdade e da quimera,

Nos princípios da tendência.

Busco-te nas cordas deste violino,

Nas teclas desta fremência,

Naquilo que seria o teu ninho,

Na escuridão da incerteza.

Busco-te no cio do pesadelo,

Nos compassos desta exigência,

Nos palácios, nas grutas e no desvelo

Na incoerência da coerência.

Busco-te no labirinto do ventre,

No cérebro do coração,

Neste sangue tão quente,

No devaneio do perdão.

Busco-te na perdição do encanto e do sonho;

No impulso da fantasia e da histeria

No mais escondido tesouro,

No túmulo do vampiro por quem morreria.

Busco-te na agitação orgânica do desejo,

Na tirania do corpo mais selvagem e indomável,

Na noite prateada de luzes em cortejo,

No hélio do sol mais intocável.

Busco-te nos músculos e neurônios em reboliço,

Nas cartilagens, nas veias, nos ossos, nas escamas,

Nas bruxas, nas fadas, nos demônios o feitiço,

Nas barcas, nas ondas, nos picos, nas camas.

Busco-te no meu suspiro, na minha hipótese,

Na veleidade da maior utopia,

Dentro da hipnose,

Da maior insanidade da heresia.

Busquei, nada encontrei.

Em que universo gravita essa parte de mim?

O corpo num cofre enclausurei,

A mente levanta um voo sem fim...

Que direção?

Para onde irão os ecos?
Ventos acariciam que prados?
Qual o girassol da fulgência?

Magnetismo que Terra atravessa?
Que cristal tilinta essa voz?
Que contornos as águas consomem?

Para qual bailarina o violão?
Que cello a vareta tange?
Que alma o bardo toca?

Quem arrepia a visão?
A que freme a solidão?
A que foto sorri o ladrão?

Moacyr Scliar

Naquele dia,
ele gentil sorria
falando de ideais

Naquele dia
tudo se espargia
entre passeios e contos reais

Lorde das letras
a meu lado na mesma nota,
reciclavamos papel, árvore sem volta.

Amigo de seu amigo,
crente na Humanidade,
do fantástico ao inclemente
pura intensidade.

Até um dia...
em que com nossa amiga Regina
sorriamos da racionalidade
de tanta cabeça vazia...

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Civilizações não mencionadas em Testiculos Habet

Uria’s homology has an asymmetric point, like a reminder that there are many ways to evolution. In Australia, the aborigine culture goes beyond 60,000 years. They didn’t built stone monuments, or domesticate animals and plants, with the exception of the macadamia. Yet, their culture contains all the elements of a civilized world. The Arts – great paintings, songs and dances, was beautifully developed, as well as their sense of Nature and their efforts to understand the natural world. Looking at Western culture’s wars, degradation and destruction of the environment we can think that the Aboriginal culture is more advanced. Their ancient rock art shows the many Ancestral Beings (deities or gods) so important in Aboriginal religion. More than 40,000 thousand years ago, they also recorded in stone many extinct animals, large and small.

Returning to the rest of the world, I could even say, that the Urians only know one fifth of what will be discovered later. Asia, Europe, Australia and the Americas have been populated by what they call Homo Sapiens for more than 60,000 years. Yet, Africa saw the first Homo Sapiens about 150,000 years ago. Even though, and what nobody is questioning, is that the oldest known civilizations developed much later and almost simultaneously.

Natufian culture – Mediterranean region 10,000 Years Ago

Sumer civilization (cradle of the

Akkadian and Babylonian Empires) 6,000 YA

Indus Valley Civilization 5,300 YA

Egyptian civilization 5,000 YA

Persia, Pre-Elam civilization 5,000 YA

Caral-Supe culture, Peru 5,000 YA

Kerma Civilization, Sudan 5,000 YA

China prehistoric Times:

Xia Dynasty (2070BC-1600BC) 4,070 YA

Shang Dynasties (1600 BC) 3,600 YA

Wessex and Stonehenge Cultures 3,750 YA

Olmec Culture 3,500 YA

The majority of these civilizations possess, among themselves, strong ties that connect them, although at times their similarities are not apparent. Many think that within Uria’s surface there are other much older civilizations, to which the legends described as Shangri-La, people of the Vril-Ya and others. Nevertheless, our fact-finding mission was restricted to the Humanity living on the planet’s surface.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Deslumbramento

Ó terra amada...
terra vibrante,
aqui estou para te viver,
amar, percorrer.

Esquecera teus desertos,
gargantas e rios,
Florestas,
caminhos,
autênticas gentes.

Do outro lado só eras política,
controlando um mundo insano.
Aqui te vejo nua,
resguardada ou em desalinho...
ó terra bem amada...

Voltarei para aqui morrer,
no teu seio quero viver.

Nenhum outro lugar
tem a tua energia,
Amo-te América,
Voltarei brevemente.
Trar-te-ei de presente
uma alma mais rica,
uma mente mais quente.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Elementos

Queria ser pássaro
vesti-me de penas.
Queria ser água
enchi-me de lágrima.
Queria ser terra
fui mal germinada.
Queria ser fogo
fui fulminada.
Queria ser livre,
amei.
Veio o vento
blew me away...

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Sem corpo só alma.

Esta tristeza na chuva banhada,
ainda procura o sol intocável.
Só letras sem ilusões,
poderiam ainda ribombar vulcões.

Se ele cantasse, se ele sorrisse,
se ela não mais sonhasse,
se a rima impetuosa
ainda embalasse...

O sonho morreu,
mas a alma é vida,
Se ele a amasse,
na noite perdida...

Sem matéria, sem toque,
sem querer estar,
apenas ser
e a alma dar.

Contentando a mente,
o cerne do amor,
ela queria viver sem dor.

Palavra ensolarada,
de um sol etéreo,
longe e presente
real e aéreo,
bombardeando
energia incoerente
deste amor profundo
quase inocente.

Jamais a chuva mergulharia na terra,
a terra não beberia o maná,
mas a alma que se funde
a solidão enganará.

Para sempre longe,
correndo na ponte efêmera
ela deseja uma quimera...

Palavra sentida, profunda na dádiva
ela aproxima a montanha sem escada.
Ele paira no pico desmedido,
ela espera um amor perdido.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Mentindo

Vestida de pedras
vomitando flores
a letra ressurge
do pântano das dores.

Mãos prazenteiras
com olhos de aço
crepitam em fogueiras
sem alma ou regaço

Consumando a vida
nasce a morte
de amor desprovida
lançando medo e... sorte

Ilusão sem mente
traição sem punhal
ela lhe mente
sem lhe querer mal.

A letra esconde,
mostra e desdenha
despedaça e sente
de vácuo já prenha

A letra linha, a página cheia,
todos os livros desta colmeia...
Luas e sóis sem chão ou ar
me comem por dentro
sem o teu olhar...

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

VISITA AO POSTO DE SAÚDE

Consulta no posto de saúde do Rio Vermelho, Florianópolis.

09-02-2011

Marquei consulta no posto de saúde em meados de janeiro.

Hoje, embora a consulta estivesse marcada para as 8 horas da manhã, cheguei no posto às 7 horas e 30 minutos. Os portões ainda fechados. Esperei na fila, tendo 7 pessoas na minha frente. Peguei num livro e lia quando um senhor chegou e perguntou se a fila era ali... Disse que sim com pena da inteligência de algumas pessoas.

Quando o pessoal chegou e abriu o portão, entramos para o estacionamento, ficando no vestíbulo externo do posto por alguns minutos, mas qual não foi o meu espanto, vejo o homem que tinha estado atrás de mim - de pé junto à porta. Quando a enfermeira ou empregada ou voluntária abriu a porta lembrou que deveriamos tirar a senha. Assim fiz e fui dirigida à entrada de uma sala à qual chamam auditório. Numa mesa estava outra empregada pedindo os cartões e, para aumentar o meu espanto, o mesmo homem era o primeiro da fila. Não resisti, cheguei perto dele e perguntei se ele não estava atrás de mim. Ele respondeu algo obtuso. Entretanto eu tinha perdido a minha vez na fila, a qual já tinha umas trinta pessoas quando a empregada avisou que a médica só atenderia 20. Deixei passar 4 pessoas na minha frente e entreguei o meu cartão para de seguida entrar no auditório. Sentei-me e quando ia começar a ler o meu livro o tal homem, olhou para mim e acusou-me de fazer o mesmo do que ele, que eu também tinha passado na frente dos outros. Tudo bem...

Quinze páginas do meu livro mais tarde, chegou a médica e fez um pequeno discurso sobre diabetes, enquanto eu pensava no que teria acontecido com a minha consulta marcada para as 8 horas. Nessa altura todo o mundo foi “convidado” a fazer exercícios, os quais duraram menos de um minuto. Sem comentários. Então a médica perguntou se todos tinhamos medido a pressão arterial. Ninguém tinha e ela ficou perplexa, ou assim me pareceu. Ela saiu da sala e os três primeiros pacientes sairam junto para medir a pressão. Seis páginas do meu livro mais tarde, levantei-me e fui perguntar a uma voluntária, por sinal simpática e com muita paciência, por que razão demorava tanto tempo medir a pressão arterial de alguém. Ela respondeu que eles já iam diretamente para o corredor onde estava o consultório para serem atendidos.

Entretanto, um senhor com ar de “macho” estava sentado, também esperando a sua vez para medir a pressão. A volutária simpática perguntou-lhe se ele também ia fazer o teste dos diabetes. Ele disse que sim, mas da pressão não era preciso porque ele nunca tinha feito. (E ainda há quem conte anedota de português...)

Finalmente medi a minha pressão, 11 / 7. Quando chegou a minha vez de ser atendida a médica examinou a “ficha” da pressão e disse que estava muito boa. Eu (só por ironia) disse que tinha subido ali no posto, pois o meu normal é 10 / 6. Ela, olhando para mim como se eu fosse uma ignorante, repetiu que a minha pressão estava muito boa. Procurou o meu nome no computador e como não encontrou, eu disse que DeSouza é junto. Ela perguntou de onde eu era e respondi América, o que parece te-la enfurecido, pois eu tenho este sotaque lusitano com uns rasgos saxões. De modo bem arrogante disse, “mas vocês lá pagam seguro de saúde”. “Sim, mas quando nos aposentamos, além de não pagar somos tratados da mesma maneira, não como gado”. Respondi pensando que o problema dela talvez fosse matéria sem ideais...

Ela ainda perguntou se eu tenho tido as visitas. “Que visitas?” “Para medir a sua pressão na sua casa”. Ela ainda não tinha ouvido ou reparado que a minha pressão é baixa!!!!!

Entreguei-lhe a receita anterior, a qual já tinha caducado, principal razão para essa consulta. É um remédio para a tiróide, que tenho de tomar diariamente. Também me queixei de uma grande dor na perna. Foi então que ela me disse que eu não tinha de estar ali, pois as consultas desse dia eram só e apenas para pessoas diabéticas e com pressão alta. Respondi que tinha marcado uma consulta normal, a culpa não era minha que tivessem feito um erro, ao que ela respondeu “A culpa não é minha, hoje é só para diabéticos e pessoas com pressão alta - não devia fazer isto, estou fazendo um favor passando esta receita”. Nem acusou ter ouvido que eu tinha dor na perna.

Sabendo que me estava “esticando”, mas como já tinha na mão a caixa do premarim, perguntei-lhe se não se importava de também passar uma receita do mesmo remédio. Aí ela ficou bem zangada, claro, com um certo controle. Perguntou há quanto tempo eu tomava isso, respondi 20 anos. Ela disse que eu tinha de marcar uma consulta e ser vista por um ginecologista, etc. Ela não perguntou se eu ainda tinha ovários e eu só respondi que há mais de um ano marcara uma consulta e nunca me chamaram. Além disso, a que tinha marcado para hoje era exatamente para falar de tudo isso. Ela deu-me a receita dizendo que só me dava o premarim para um mês, enquanto que normalmente seria para três meses. Disse também que arriscava muito a sua posição por me receitar tal coisa. A expressão arrogante de um rosto sem vestígios de sorriso deu-me vontade de lhe fazer uma consulta, mas eu não tinha bata branca vestida...

Pensei então que estava livre, teria apenas de passar pela farmácia do posto. Fiquei na fila. Uma mulher... como quem é transparente, passou na minha frente. Tudo bem... A farmaceutica (assim quero pensar que seja) entregou-me os remédios da tiróide e um creme. Disse-lhe que eu não tinha pedido tal coisa. Ela mostrou a receita, eu mostrei a mesma caixa que tinha apresentado à médica. Aí a farmaceutica disse que a doutora tinha-se enganado e ela ia pedir para retificar. Eu disse que não, estava com muita pressa. Vim embora, mas antes a farmaceutica averiguou e estavam em falta.

Assim foi a minha ida ao posto de saúde. Segundo me disseram, este é um dos melhores...!!! Graças aos deuses que ninguém morreu ou ficou ferido, só na alma. Ninguém pode acusar sem experimentar. Agora eu sei, posso falar.

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

I had to Share...


Why sleep if I cannot remember?

Why close my eyes if I can't fly?

Or to have senses if feelings are numb?

It must be a reason to hope and try.

That night during my sleep I was awaken.

I flew over valleys of ever changing flowers,

I went to realities of forbidden worlds.

Voices whispered secret thresholds.

Changing horizons I was in awe

I had feelings totally new.

When I returned I wasn't the same.

I had to tell you, you had to know.

My heart is too small to keep it there.

The things I learned I had to share.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Seria...

Nada te macularia,
tudo te veneraria,
os anjos te abririam alas.

Os cumes mais altos seriam teu leito,
as planícies mais férteis o chão do teu cavalo.
Alados véus e ninfas o teu regalo.

Em meus braços serias um deus,
aprenderias a força do incondicional
abririas do paraíso o grande portal.

Teu prazer em viver,
a paz no teu ser,
a grandeza da alma,
em meu corpo irias colher

Tudo te seria dado,
tudo seria pouco para o meu amado,
Tudo foi na cauda do cometa - sequestrado...

Ainda...

Quando a mentira prevalecia,
quando a verdade era vomitada,
quando o sonho era crematório...

Quando a voz cantava rosnando,
quando o leão vestia cetim,
quando o desejo se esparramava
numa cova simulando jardim...

Quando o verbo queimava,
quando a alegria chorava,
a juventude brotou na masmorra...

Quando ela mais do que adorava,
quando ela o mundo salvava
uma nova filosofia tudo arruinou,
por calvalgar na hipocrisia
que o universo desmoronou...

Outra dimensão a salvou.
Outros interesses a balancearam,
Ela ainda ama
voando no eco do que cantaram...

Defesas...

No gelo o fogo derrete,
a alma labareda ecoa
a terra inunda a água.

Medonhos vulcões ribombam
o som da sua voz,
melodia atômica...

O fingir se acasala à incerteza,
a impertinência desassossega,
a paz só vem na doçura da morte.