quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

VISITA AO POSTO DE SAÚDE

Consulta no posto de saúde do Rio Vermelho, Florianópolis.

09-02-2011

Marquei consulta no posto de saúde em meados de janeiro.

Hoje, embora a consulta estivesse marcada para as 8 horas da manhã, cheguei no posto às 7 horas e 30 minutos. Os portões ainda fechados. Esperei na fila, tendo 7 pessoas na minha frente. Peguei num livro e lia quando um senhor chegou e perguntou se a fila era ali... Disse que sim com pena da inteligência de algumas pessoas.

Quando o pessoal chegou e abriu o portão, entramos para o estacionamento, ficando no vestíbulo externo do posto por alguns minutos, mas qual não foi o meu espanto, vejo o homem que tinha estado atrás de mim - de pé junto à porta. Quando a enfermeira ou empregada ou voluntária abriu a porta lembrou que deveriamos tirar a senha. Assim fiz e fui dirigida à entrada de uma sala à qual chamam auditório. Numa mesa estava outra empregada pedindo os cartões e, para aumentar o meu espanto, o mesmo homem era o primeiro da fila. Não resisti, cheguei perto dele e perguntei se ele não estava atrás de mim. Ele respondeu algo obtuso. Entretanto eu tinha perdido a minha vez na fila, a qual já tinha umas trinta pessoas quando a empregada avisou que a médica só atenderia 20. Deixei passar 4 pessoas na minha frente e entreguei o meu cartão para de seguida entrar no auditório. Sentei-me e quando ia começar a ler o meu livro o tal homem, olhou para mim e acusou-me de fazer o mesmo do que ele, que eu também tinha passado na frente dos outros. Tudo bem...

Quinze páginas do meu livro mais tarde, chegou a médica e fez um pequeno discurso sobre diabetes, enquanto eu pensava no que teria acontecido com a minha consulta marcada para as 8 horas. Nessa altura todo o mundo foi “convidado” a fazer exercícios, os quais duraram menos de um minuto. Sem comentários. Então a médica perguntou se todos tinhamos medido a pressão arterial. Ninguém tinha e ela ficou perplexa, ou assim me pareceu. Ela saiu da sala e os três primeiros pacientes sairam junto para medir a pressão. Seis páginas do meu livro mais tarde, levantei-me e fui perguntar a uma voluntária, por sinal simpática e com muita paciência, por que razão demorava tanto tempo medir a pressão arterial de alguém. Ela respondeu que eles já iam diretamente para o corredor onde estava o consultório para serem atendidos.

Entretanto, um senhor com ar de “macho” estava sentado, também esperando a sua vez para medir a pressão. A volutária simpática perguntou-lhe se ele também ia fazer o teste dos diabetes. Ele disse que sim, mas da pressão não era preciso porque ele nunca tinha feito. (E ainda há quem conte anedota de português...)

Finalmente medi a minha pressão, 11 / 7. Quando chegou a minha vez de ser atendida a médica examinou a “ficha” da pressão e disse que estava muito boa. Eu (só por ironia) disse que tinha subido ali no posto, pois o meu normal é 10 / 6. Ela, olhando para mim como se eu fosse uma ignorante, repetiu que a minha pressão estava muito boa. Procurou o meu nome no computador e como não encontrou, eu disse que DeSouza é junto. Ela perguntou de onde eu era e respondi América, o que parece te-la enfurecido, pois eu tenho este sotaque lusitano com uns rasgos saxões. De modo bem arrogante disse, “mas vocês lá pagam seguro de saúde”. “Sim, mas quando nos aposentamos, além de não pagar somos tratados da mesma maneira, não como gado”. Respondi pensando que o problema dela talvez fosse matéria sem ideais...

Ela ainda perguntou se eu tenho tido as visitas. “Que visitas?” “Para medir a sua pressão na sua casa”. Ela ainda não tinha ouvido ou reparado que a minha pressão é baixa!!!!!

Entreguei-lhe a receita anterior, a qual já tinha caducado, principal razão para essa consulta. É um remédio para a tiróide, que tenho de tomar diariamente. Também me queixei de uma grande dor na perna. Foi então que ela me disse que eu não tinha de estar ali, pois as consultas desse dia eram só e apenas para pessoas diabéticas e com pressão alta. Respondi que tinha marcado uma consulta normal, a culpa não era minha que tivessem feito um erro, ao que ela respondeu “A culpa não é minha, hoje é só para diabéticos e pessoas com pressão alta - não devia fazer isto, estou fazendo um favor passando esta receita”. Nem acusou ter ouvido que eu tinha dor na perna.

Sabendo que me estava “esticando”, mas como já tinha na mão a caixa do premarim, perguntei-lhe se não se importava de também passar uma receita do mesmo remédio. Aí ela ficou bem zangada, claro, com um certo controle. Perguntou há quanto tempo eu tomava isso, respondi 20 anos. Ela disse que eu tinha de marcar uma consulta e ser vista por um ginecologista, etc. Ela não perguntou se eu ainda tinha ovários e eu só respondi que há mais de um ano marcara uma consulta e nunca me chamaram. Além disso, a que tinha marcado para hoje era exatamente para falar de tudo isso. Ela deu-me a receita dizendo que só me dava o premarim para um mês, enquanto que normalmente seria para três meses. Disse também que arriscava muito a sua posição por me receitar tal coisa. A expressão arrogante de um rosto sem vestígios de sorriso deu-me vontade de lhe fazer uma consulta, mas eu não tinha bata branca vestida...

Pensei então que estava livre, teria apenas de passar pela farmácia do posto. Fiquei na fila. Uma mulher... como quem é transparente, passou na minha frente. Tudo bem... A farmaceutica (assim quero pensar que seja) entregou-me os remédios da tiróide e um creme. Disse-lhe que eu não tinha pedido tal coisa. Ela mostrou a receita, eu mostrei a mesma caixa que tinha apresentado à médica. Aí a farmaceutica disse que a doutora tinha-se enganado e ela ia pedir para retificar. Eu disse que não, estava com muita pressa. Vim embora, mas antes a farmaceutica averiguou e estavam em falta.

Assim foi a minha ida ao posto de saúde. Segundo me disseram, este é um dos melhores...!!! Graças aos deuses que ninguém morreu ou ficou ferido, só na alma. Ninguém pode acusar sem experimentar. Agora eu sei, posso falar.

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