Busco-te nos confins da Terra,
Nos primórdios da existência,
Na razão da Verdade e da quimera,
Nos princípios da tendência.
Busco-te nas cordas deste violino,
Nas teclas desta fremência,
Naquilo que seria o teu ninho,
Na escuridão da incerteza.
Busco-te no cio do pesadelo,
Nos compassos desta exigência,
Nos palácios, nas grutas e no desvelo
Na incoerência da coerência.
Busco-te no labirinto do ventre,
No cérebro do coração,
Neste sangue tão quente,
No devaneio do perdão.
Busco-te na perdição do encanto e do sonho;
No impulso da fantasia e da histeria
No mais escondido tesouro,
No túmulo do vampiro por quem morreria.
Busco-te na agitação orgânica do desejo,
Na tirania do corpo mais selvagem e indomável,
Na noite prateada de luzes em cortejo,
No hélio do sol mais intocável.
Busco-te nos músculos e neurônios em reboliço,
Nas cartilagens, nas veias, nos ossos, nas escamas,
Nas bruxas, nas fadas, nos demônios o feitiço,
Nas barcas, nas ondas, nos picos, nas camas.
Busco-te no meu suspiro, na minha hipótese,
Na veleidade da maior utopia,
Dentro da hipnose,
Da maior insanidade da heresia.
Busquei, nada encontrei.
Em que universo gravita essa parte de mim?
O corpo num cofre enclausurei,
A mente levanta um voo sem fim...
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