segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Além da procura

Busco-te nos confins da Terra,

Nos primórdios da existência,

Na razão da Verdade e da quimera,

Nos princípios da tendência.

Busco-te nas cordas deste violino,

Nas teclas desta fremência,

Naquilo que seria o teu ninho,

Na escuridão da incerteza.

Busco-te no cio do pesadelo,

Nos compassos desta exigência,

Nos palácios, nas grutas e no desvelo

Na incoerência da coerência.

Busco-te no labirinto do ventre,

No cérebro do coração,

Neste sangue tão quente,

No devaneio do perdão.

Busco-te na perdição do encanto e do sonho;

No impulso da fantasia e da histeria

No mais escondido tesouro,

No túmulo do vampiro por quem morreria.

Busco-te na agitação orgânica do desejo,

Na tirania do corpo mais selvagem e indomável,

Na noite prateada de luzes em cortejo,

No hélio do sol mais intocável.

Busco-te nos músculos e neurônios em reboliço,

Nas cartilagens, nas veias, nos ossos, nas escamas,

Nas bruxas, nas fadas, nos demônios o feitiço,

Nas barcas, nas ondas, nos picos, nas camas.

Busco-te no meu suspiro, na minha hipótese,

Na veleidade da maior utopia,

Dentro da hipnose,

Da maior insanidade da heresia.

Busquei, nada encontrei.

Em que universo gravita essa parte de mim?

O corpo num cofre enclausurei,

A mente levanta um voo sem fim...

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