sábado, 25 de setembro de 2010

Amargura - Varal de Poetas del Mundo

Amargura (tema varal)

Os prados caem em abismos.
Estilhaços do possível
Por buraco negro engolidos.

O amor é torturado,
O sonho massacrado,
Sol sem dia.

Amargura, préstito fúnebre da ternura...
.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Dramaturgia

Queria perfurar essa mente,
No afã mais ardente,
Regorgitar das cinzas da infâmia.

Queria recriar estética no imprevisto,
Libertar um objetivo misto
Galopar a cidade subterrânea.

Queria redirecionar sobressaltos,
Por prados trocar asfaltos,
Criar sonhos sem hipocrisia.

Porém, reprogramo a genética,
Solto a bandeira da ética,
Luto por uma nova eugenia.

De Rubens da Cunha

"Poesia é o susto da verdade,
dita na cara,
sem delongas, sem hipocrisia "

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Tranquilidade

Por do sol,
fecho as cortinas olhando o céu.
Cores tão belas cheias de calma.

Não rimo, mas sinto.
Sinto a alegria de saber que outros amam.
Que se amam, se esperam, se desejam.

O caminho já sem pedras ou cobras
floresce sem cactos.
Eles se querem e admiram
A vida já não é um ato.

De autora desconhecida - de morrer a rir

POEMA FEMININO

Que mulher nunca teve
Um sutiã meio furado,
Um primo meio tarado,
Ou um amigo meio viado?

Que mulher nunca tomou
Um fora de querer sumir,
Um porre de cair
Ou um lexotan para dormir?

Que mulher nunca sonhou
Com a sogra morta, estendida,
Em ser muito feliz na vida
Ou com uma lipo na barriga?

Que mulher nunca pensou
Em dar fim numa panela,
Jogar os filhos pela janela
Ou que a culpa era toda dela?

Que mulher nunca penou
Para ter a perna depilada,
Para aturar uma empregada
Ou para trabalhar menstruada?

Que mulher nunca comeu
Uma caixa de Bis, por ansiedade,
Uma alface, no almoço, por vaidade
Ou, um canalha por saudade?

Que mulher nunca apertou
O pé no sapato para caber,
A barriga para emagrecer
Ou um ursinho para não enlouquecer?

Que mulher nunca jurou
Que não estava ao telefone,
Que não pensa em silicone
Que 'dele' não lembra nem o nome?

Só as mulheres para entenderem o significado deste poema!

Estamos em uma época em que:

Homem dando sopa,
é apenas um homem distribuindo alimento aos pobres.

Pior do que nunca achar o homem certo
é viver pra sempre com o homem errado.

Mais vale um cara feio com você
do que dois lindos se beijando.
Se todo homem é igual,
porque a gente escolhe tanto???

Príncipe encantado que nada...
Bom mesmo é o lobo-mau!!
Que te ouve melhor...
Que te vê melhor...
E ainda te come!!!

http://www.amazon.com/dp/B0041T4EM6

Sinopse do Livro A Chave do Grande Mistério de Rosa DeSouza

Daniel, um arqueólogo brasileiro, é convidado para dirigir um sítio arqueológico no Egito. A partir do momento em que encontra um certo artefato – uma caixa de topázio contendo um Ank – a sua vida fica continuamente em perigo. Sendo perseguido pelos senhores da Terra, ele foge, sendo acolhido por povos que vivem no interior do planeta. Em suas indas e vindas entre os dois mundos passa por várias aventuras, mas acima de tudo é iniciado nos mistérios da história humana. Desvendando o impenetrável, também descobre e desenvolve o poder que cada ser humano carrega dentro de si, o que tem sido o maior de todos os segredos ocultos, na intenção de impedir a libertação do Homem. O final é pura emoção, fascinante e surpreendente.

Memória

Armando querido,
Não lembro fraquezas nem falhas
Lembro de um nobre amigo,
E vontades com garras.

Lembro do amor tantos inspirando,
Lembro de um lar cheio de paz,
Lembro de viagens me ensinando
Até a gostar de jazz...

Lembro a veemência e a decência,
Dos risos e das partidinhas, como eletricidade em pó...
Do orgulho da minha inteligência
Da bruxinha, nome que me dava o teu gogó...

Partiste, talvez já tenhas reencarnado,
Perdoa, não sou médica nem bailarina,
Discussões que te faziam encarnado,
Ser eterna estudante foi a minha sina...

Obrigada pai pelo pouco que foi tudo,
Mas saibas que muito amei, tanto...
Aqui me preparo para um encontro (?)
Nunca te desapontei, não sem muito pranto...

A minha sombra tem sido dignidade,
O meu ensejo humanidade,
Injustiça a minha revolta,
A luz, sempre sentir-te à minha volta.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Involução

Ignóbeis palanques gritam,
defendem poder e cifrões
enganando povos com impropérios...

No momento certo Fidel remove a máscara,
pisca o olho a Oeste,
dizendo adeus ao Leste.

A vida fragilizou...
O níquel perdeu o valor
e a fome aumentou

O pobre não é mais carente,
mas subnutrido, cadáver...
o torpe pluraliza a infâmia imutável.

Ninguém descobre outra racionalidade...
A criatividade humana parece ter chegado ao fim.
o macaco renasce onipotente vestido de arlequim...

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Desvirtudes

Do alto do poleiro
gesticulava
contra o regime estabelecido...

vendeu a alma ao diabo,
sem critério, corrompido.
Fica surpreendido...

sábado, 11 de setembro de 2010

Relatividade

Se tudo é relativo
e nada é substantivo,
as leis de quantum trazem esperança.

Além da vida e da matéria
quando a alma voar em liberdade
talvez ele se dê de uma maneira séria.

Então, já capaz de ser verdadeiro,
capaz de arrojar qual cavalheiro,
não apontando canhões à felicidade,
ele ame de verdade...

Mas será que ela vogará nos mesmos espaços?
ou na eternidade de outros regaços?

Debate da Internet II

Vidal,

Com os seus últimos e-mails isto deixou de ser debate, além de que por mim já estava encerrado. Num debate ninguém se impõe como o senhor do Conhecimento. Como Sócrates, eu sei que nada sei, mas sei algo sobre amor ao ser humano e é esse que eu gostaria de ver LIVRE. Porém, para sermos livres nao podemos ser ignorantes nem tampouco deixar que outros pensem por nós. Livre arbítrio é ser infinitamente independente e capaz de por um amor verdadeiro entregar-nos total e livremente. Através dos meus livros entrego-me ao mundo, nao se nota tanto porque a inquisiçao já era... (???)

Porém, há um SÓ ponto que tenho a contestar:
Suas palavras: “seu texto não serve para análise política”.

Vidal, eu vivi, fiz e bebi política desde tenra idade. Tive os melhores professores de politica, paguei os meus tributos políticos e disse o que tinha a dizer publicamente no tempo do salazarismo. Venho de uma linhagem de políticos. A grande diferença é que hoje, devido ao muito que aprendi, principalmente do lado humano, eu me dedico AINDA a fazer política, mas de uma maneira que vai muito além do micromundinho. O que escrevo prova tudo isso, principalmente no meu livro Testiculos Habet... e no que terminei de publicar. Lutar pela liberdade da mulher é política no seu mais alto grau. Até aqui só metade da população mundial tem tomado decisões políticas, economicas, filosóficas e até artisticas. Porque a outra tinha de render-se aos conceitos do marido, do pai e do irmão. A mulher votava segundo o que o marido dissesse, quando votava, e ele votava segundo o seu patrão ou guia religioso. Não sou feminista, sou muito mais do que isso. Não é política?

Eu não acredito em mudar moscas que voam sobre estercos cada vez mais nauseabundos. Eu quero um mundo bem cheiroso e isso só se consegue quando os indivíduos pensam por si mesmos, são conscienciosos, politisados e teem Grandes Ideais – ideais além de si mesmos e seus mesquinhos egos. Partidos políticos, candidatos, etc, sempre sao manipulados e manipulam interesses puramente financeiros. Desde a lampada que nos ilumina até ao oval office tudo é interesse financeiro. Se nao o for é porque a demência, como o fascismo, leva o interesse financeiro ao outro nível, desejo de poder o qual é implementado à custa da dignidade e da vida dos povos, o que tem inebriado muitos chefes de estado, como Stalin – referindo-me ao seu link. Hitler foi nada comparado. Um matou 6 milhões o outro 60 milhões.

Política, aquela que não passa da garganta dos que fugiriam e delatariam os companheiros se vissem a polícia de choque na sua “aldeia”, nao passa de uma bengala para os que não teem nada a identificar-se. Há quem se identifique a idéias, títulos, etc e outros que o fazem a coisas externas, das quais pretendem apoderar-se para esconder o fato de não terem os seus próprios méritos. Esses são os que não pensam e teimam em não ver mais longe do que que as quatro paredes onde se encerram nos momentos em que vagam nos labirintos de almas vazias e atordoadas pelo remorso de não terem vivido uma vida verdadeira.

Agora, só para lhe dar um exemplo da linhagem política de onde venho e usando termos literalmente fora da dialética da dita cuja esquerda, a qual abomino – talvez porque nos tempos em que a usava tinha noites em que, perdida no meu labirinto negro, dava-me conta de que não passava de um papagaio...

Do lado paterno venho de uma família muito abastada e muito lúcida. (coisa rara) O meu avô nunca trabalhou e falava dos outros dizendo “o povo". Imagine-se... Além de já ter uma grande fortuna, no tempo da primeira guerra mundial ele ficou ainda mais rico com o comércio de volfrâmio. Apesar de tudo isso, ele queria viver num pais onde todos tivessem dignidade e fez muita política, primeiro contra a monarquia, pela república, e depois contra o governo de Salazar. O meu pai tinha um cassino em Angola, o qual administrava seis meses por ano, nos outros vivia em Lisboa vivendo dos rendimentos. Nao houve nada, absolutamente nada, que eu desejasse que nao viesse cair no meu colo imediatamente. PORÉM, CONTUDO, TODAVIA... o meu pai e seu irmão, tio Artur, também meu padrinho, eram contra toda a politica portuguesa e principalmente contra as terríveis condiçoes em que o povo angolano vivia. Foram eles e outros tres homens, tambem portugueses, que compraram com o seu próprio dinheiro, muitas armas para os angolanos, antes da guerra pela independência ter início. Esta história nunca foi pública. Passou a ser...

Você lembra do Humberto Delgado? Para avivar a memória: lembra do Santa Maria? Do Galvão que sequestrou o Santa Maria no meio do Atlântico? Pois o meu pai fez – NO TEMPO De SALAZAR – campanha politica pelo Humberto Delgado. Ele, que odiava andar de aviao, subia numa avionete (era o nome dos “jatinhos” daquele tempo) e deitava milhares de panfletos políticos – sobre Portugal inteiro.

Numa altura em que meu pai estava em Lisboa, contra toda a sua vontade, mas a pedido dos que queriam que eu tivesse uma vida normal, entrei para o liceu (secundário) público. Era o Liceu D. Filipa de Lencastre. Quando voltava vinha acompanhada de duas colegas até um ou dois blocos da minha casa. Só que a certa altura, as tres notamos que um homem de gabardine e chapéu nos seguia, mas eu nao disse nada a meu pai. Um dia, esse homem aproximou-se de mim e perguntou se eu sabia o que era “feijão branco”. Olhei para ele e disse: quem nao sabe? É para comer. Ele foi embora, mas ao chegar a casa chamei a minha madrasta no meu quarto e contei-lhe. Ela foi contar a meu pai e eu só ouvi um grito. Na semana seguinte fui internada no Dominican School of Bom Sucesso, de freiras dominicanas inglesas, o melhor colégio de Portugal. Umas delas fez-me “filha de Maria” e disse que uma das minhas obrigacoes era dizer pra ela, se la em casa havia algum livro de Lenine, Marx e companhia. E nao é que HAVIA??? Antes de dizer à freira contei à minha amiga Maria Guilhermina Guisado Cunhal Patricio. Família tambem muito abastada, mas consciente. Foi ela que salvou o meu pai de ir parar nas masmorras, dizendo-me para nao contar a ninguem. ISTO É POLITICA – e eu era uma crianca, tinha apenas 11 anos. Feijão branco era o nome dado a diamantes - na gíria dos traficantes. Claro que meu pai sabia disso, mas eu não e ele não era um deles. A PIDE, Gestapo portuguesa, queria pegá-lo e tentou tudo. Até que... o inconcebível aconteceu: ainda tenho as fotos do casamento do minha prima Gabriela, filha do meu tio Artur, onde eu dei as alianças. Tinha talvez 5 anos de idade. Ela casou com um juiz, Victor. Ele foi trabalhar em Angola. O meu tio Artur, seu sogro, era dono da maior parte dos prédios das artérias principais de Luanda. Mas assim mesmo, ninguém entendeu muito bem porque o Victor foi destacado para exercer numa “colonia”...

Depois de me internar o meu pai resolveu construir um edifício novo para o seu cassino. O que tinha até aí era uma parte de um hotel na cidade do Lobito. Por outro lado, ele sabia que já estava “marcado”, só que ninguém tinha provas concretas de que ele dava armas aos angolanos.


Foi quando o meu pai resolveu comprar milhares e milhares de escudos em jóias que a minha madrasta guardou. Lembro de ver o brilho de tanto diamante. Não tinham vindo de Angola, mas de uma ourivesaria de um amigo de meu pai, judeu, da rua Augusta em Lisboa. Depois disso transferiu toda a sua fortuna para Angola. Seria usada na construçao do novo Cassino. Ele tinha um empregado pessoal, angolano, a quem o meu pai deu liberdade, ou seja, patrocinou de maneira a que obtivesse o cartão de identidade, o qual um dia apareceu “suicidado”, mas tarde demais para soluções.

Logo em seguida, numa triste noite de agosto de 1959, vários homens vestidos a rigor, naquela altura era assim que se vestia para entrar num cassino, jogaram por um par de horas e de um momento para o outro acusaram o cassino de ter dados falsos. Eles estavam sob ordens do juiz de Luanda, o Victor, casado com a minha prima Gabriela, filha do meu tio Artur que com o meu pai e outros tres homens dava armas aos angolanos... Fecharam o cassino, bloquearam as contas do meu pai e colocaram-no num avião militar com a roupa que tinha no corpo. O meu pai perdeu tudo o que tinha, restava a nossa casa e as jóias. Não foi preso, talvez devido ao prestigio da família ou algum remorso do Victor. Em dezembro do mesmo ano o meu pai faleceu com apenas 45 anos devido a uma injecao de penicilina. Ele apenas tinha a garganta inflamada. Alergia foi a comunicacao oficial. Muitos pensavam que foi suicidio. E o improvável aconteceu: Quatro meses depois, o meu tio Artur tambem morria em Luanda - de ataque cardiaco. Eu tinha apenas 13 anos.

A minha vida política tinha começado... Já no colégio, onde fiquei por mais três anos, nunca perdia a oportunidade de mostrar a minha repulsa pelo governo, o que fazia com duas irmas da família Vegas. A minha maior amiga, Maria da Conceicao de Lemos Lepierre Tinoco, foi aconselhada a nao andar comigo, sem resultado, diga-se. Olhem bem o nome dela. Só - Tinoco = fundador do diario popular... o resto é química... Foi desde essa altura que me convenci de que política da oposição só pode ter uma base: conscientização dos povos. Com o andar dos anos aprendi que não podem haver direitos sem consciência, o que as duas guerras civis de Angola vieram a corroborar. Aprendi que a maior parte das massas são extremamente ignorantes. A primeira prova foi no dia seguinte à revolucao dos cravos quando vi uma manifestacao na Ave. da Liberdade com mais de 500 pessoas, a maior parte mulheres de aparência extremamente humilde e pobre, defendendo o maoismo. Num pais onde todos esses livros eram proibidos e muito poucos eramos os que tinham acesso a alguns exemplares... Foi aí tambem que vi o efeito da mente coletiva em toda a sua extensão. Mas os meus ideias eram intrinsecos e imensos...

Nos Estados Unidos fiz muita coisa, daquela maneira muito minha, bem simples e apagada, mas capaz de atingir o meu objetivo, ou seja, colocar minhoca na cabeça dos outros... Na California tinha uma posicao alta na United Way. Era eu quem recebia os cheques das doacoes e fazia 48 estratos bancarios, alem da supervisao de 40 pessoas. Quando em Atlanta trabalhei para a Timken Corporation, (Republicana e bushistíssima) todos me perguntavam porque eu nao doava para a United Way e sempre respondi bem objetivamente. De cada dolar, 75% vai para a administracao e só 25% para os pobres. Deveria ser o contrário. Com isto digo que o fato de pensar por mim mesma, me leva num pais como os Estados Unidos a ser considerada de esquerda e aqui no Brasil de direita. Tudo é relativo, porque não quero apenas mudar moscas... O meu sonho é uma Mudança Macro. Como diz o Al Corão, que estudei e por isso sei que os muçulmanos não o entendem, porque também nao o leem, “isto para quem tiver inteligência para entender”... várias surratas (equivalente de versículo na Bíblia).

Quando cheguei no Brasil em Março de 2004, rebentou o escandalo do mensalão... Sorri... lembrando uma frase do escritor Joseph Chilton Pearce, autor do livro The Crack of the Cosmic Egg, onde diz que devemos sair do mundo das células que vistas de perto se comem umas às outras, para olhar o organismo que elas formam.

Agora, para terminar, apenas uma notinha: não há nenhum pais no mundo em que a candidatura do partido já no poder (para dizer o mínimo) nao seja apoiada por uma ou mais instituiçoes da mídia, sendo uma delas uma estaçao de televisao e outra um jornal. Em França os principais sao o jornal Le Monde da esquerda - o meu favorito, e o Le Figaro da direita, alem do Aurore etc. Nos Estados Unidos a CNN é “liberal” democrata e a Fox news asquerosamente da direita. No Brasil é a Globo. Todavia, TODAS sao regidas pela mesma batuta – a Nova Ordem Mundial. A minha política é contra esses...

Em quem votar? No mais humano e inteligente. Se fosse OBRIGADA a votar nalgum dos candidatos à presidencia do Brasil, mas obrigada mesmo a colocar o voto na frente de um nome seria sem conviccao, na Marina. Triste, não? Porém, o mundo não deve acabar em 2012...

Não acredito em ignorantes no governo, seja ele qual for. Não acredito em dirigentes que apenas atuem de forma partidária. Acredito que o Brasil tem de ter uma grande reforma na educação, senão... as células continuarão a comer-se umas às outras e sendo aplaudidas...

Podem continuar o debate, mas eu saí. Saí mesmo. Contei aqui coisas extremamente pessoais, o que agora me obriga – logo que a minha madrasta saia deste planeta (pessoa que adoro) – a publicar a minha biografia.

Que o bom humor predomine...
Paz e sabedoria para todos
.
Amiga:

Não posso deixar de lhe mandar meu abraço pela sua contribuição vivenciada (por mais que questionada pelo tal "JB") no "debate"que acabou acontecendo nestas últimas horas.
Fico besta como as coisas se misturam e as paixões cegas tentam se impor.
É um horror pois não deixam de influenciar convivências...
Carinho para voces

Carmen (nota: Carmen é tia do Helder...)

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

carta ao debate digital...

Amigos, conhecidos e desconhecidos,

depois de receber a carta abaixo da Hungria, não resisto...

O debate é sem dúvida a forma mais sublime de aprendisagem.

Tenho lido as contribuições de todos os pontos cardeais, porque esquerda ou direita... isso já era. Por um lado acho que estão perdendo muita energia, mas por outro muitos podemos aprender alguma coisa.

O mal, o cancer é não haver alguém suficientemente nobre e corajoso que seja capaz de furar a trincheira dos interesses partidários. Será?

Muitos dos conceitos apresentados são partidários, outros vêm ainda de sonhadores, aqueles que navegam nas difíceis paragens de ver seus ideais serem destruidos. Eu nasci no fascismo de Salazar. O 25 de abril foi o dia mais feliz da minha vida. Teria também sido do meu avô e pai, se fossem vivos. Eu era comunista, meu ex no. 1 era deputado à assembleia nacional pelo partido. Muitos amigos foram presos, torturados e mortos. Alguns em Cabo Verde, na ilha do Sal - tortura da frigideira. Pior do que isso???
Contudo, logo os meus sonhos e ideais - pelos quais quase fui presa várias vezes, cairam por terra, quando depois do 25 de abril ou revolução dos cravos, o partido mandava um homenzinho asqueroso "visitar" o meu imaculado apartamento (de más vibrações) para apenas ver tudo o que eu fazia, com quem falava, o que via ou lia. Ficava ali sentadinho sem nada fazer e de olhos perdidos num firmamento ultra limitado. Mandaram-me vender o jornal Avante nas horas em que eu não estava trabalhando, estudando ou treinando (fui judoca internacinal - peso leve - imaginem!) Quando os comunistas "sanearam" os professores e a universidade fechou, resolvi ir estudar em Paris, levando uma mala cheia de desilusões. Por lá fui trotskista. Dei muita água e cubos de açucar aos que faziam greves da fome contra o Xá do Irã, Burguiba da Tunísia, rei de Marrocos etc etc.

No fim eu vi na carne, através da vida de muitos antigos companheiros, que tudo terminava quando arranjavam bons empregos e se tornavam ridículos burgueses. Muitos nem tinham classe para sê-lo. Um - casou com a filha do primeiro ministro de Burguiba, que tanto criticara...

Daí, apaixonei-me e casei. Com quem? Um economista/diretor do Banco Mundial - O INIMIGO!! Não pirei. Juro que nem estive à beira de pirar. Aprumei-me. A gaiola de ouro também ensina e muito. Resultado, eu não vejo o mundo com olhos de quem nunca saiu de uma ilha, ou de quem pensa que aquilo que se passa no palco não lhe diz respeito. Alarguei a consciência e a visão. Conclusão? O cego não é quem não vê, mas quem não quer ver. Não é bom teimar, sem analisar fatos, porque todos os lados teem falhas. Cada um à sua maneira - tem uma retórica paupérrima e popular sem um programa sério a oferecer. Porquê? Porque grande percentagem da população ainda não é educada o suficiente para exigir uma pauta.

Os que lutaram contra a ditadura de Franco, Salazar ou o regime militar no Brasil e muitos outros, foram importantes na história. Todavia, os anos passaram, as épocas são outras, aburguesaram-se e se não teem nada de novo, continuando a falar do mesmo, batendo na mesma tecla, é por que ficaram paralisados no tempo. Antes eram atraídos por um ideal, agora pelo poder. Os ideais não podem estagnar, mas alargar.

Lembro-me muito bem daquela noite em Paris em que numa manifestação colossal, fiquei sem voz gritando "morte a Franco", na véspera da morte de cinco membros da ETA, um deles uma mulher, que Franco condenou à morte. Cinco dias depois o próprio também morreu. Nessa noite toda a Europa fazia o mesmo, incluindo o primeiro ministro da Holanda. No entanto, a ETA matou muita gente, milhares... Os ideais esfumaram-se nas colunas implacáveis da mente coletiva, ou seja, partidária.

Foi depois disso que melhor entendi o que o meu professor de política na Sorbonne, Maurice Duverger, nos disse no primeiro dia de aula em que dividiu o enorme quadro negro em dois. De um lado escreveu capitalismo, do outro comunismo (ele foi um grande socialista) e perguntou: "qual preferem?" Capitalismo - desigualdade social, mas liberdade individual. Comunismo - nenhuma liberdade individual, o coletivo é o que importa.

Tudo o que nos tire a liberdade individual ou de pensamento é corrupto e não tem qualquer ideal humano, portanto descartável. Porém, há muitos regimes que se dizem de esquerda, defendem o proletariado, etc. mas quando chegam ao poder retiram a liberdade de expressão e de PENSAMENTO, mantendo o povo na ignorância. Porque não se gasta mais na educação? Porque há uma razão política de primeira ordem: manter os povos na ignorância para que só possam atuar como rebanhos segundo o pensamento do pastor. Essa é a mente coletiva. O proletariado foi apenas um degrau, nada mais. A sociedade nunca deve esquecer que o ideal humano tem sempre de estar muito acima da ideologia ou obrigações partidárias, senão em pouco tempo seremos uma infraraça.

Adoro quando alguém me indica um bom livro. Será que já leram o livro "As Cadeiras" de Eugene Ionesco. Quando essa peça de teatro foi apresentada em Nova York, o povo dizia "Que coisa horrível o comunismo..." Quando foi apresentada em Moscou (Moscovo) o povo dizia "Mas que coisa horrível o capitalismo...".

Seria bom que cada um entendesse que todos desejam o bem comum, porém, infelizmente muitos não tiveram a vivência e o conhecimento de outros. Com eles devem aprender, ou seja, ouvir e depois fazer os seus próprios juizos sem ofender, sem magoar, mas com o amor devido a outro ser humano que também gostaria de ver o povo brasileiro vivendo com boas escolas, sem corrupção, sem favelas, sem crime, sem fome, sem que a mulher seja menosprezada - até pela própria polícia quando se queixa do marido ou companheiro que a espancou e abusou. Não esquecer as palavras de Albert Einstein: "Os problemas atuais não podem ser resolvidos com o mesmo pensamento que os criou". Há que mudar a maneira de pensar, subir a outro nível ou dimensão de raciocínio.

Quem seria capaz de nas próximas eleições fazer algo nesse sentido? O melhor seria dedicarmos 4 anos na procura/descoberta desse homem ou mulher. No dia em que cada um falar através da sua própria vontade e raciocínio, saindo da mente coletiva, com a única vontade de ser justo e consciencioso, não só os presidentes, mas também os candidatos terão muito mais qualidade. A qualidade individual é que dá qualidade ao todo. Pensar é um direito do homem, mas os interesses dos que regem o mundo tentam por todos os meios impedir-nos de o fazer. Nunca devemos esquecer que há muito parasita mascarado de anjo.

Num debate ninguém tem o direito de condenar outros por suas ideias. Isso seria o retorno ao fachismo ou ditadura. Democracia é um debate saudável, onde cada um tem ideias diferentes, mas todos teem o mesmo ideal - o bem estar de todos. Um dia alguém disse: "se não votar no Bush não é patriota", sim, verdade, mas o pior é que aqui em Florianópolis alguém disse o mesmo, "quem não votar na.... não é patriota". Não sejamos o contrário dos ideiais que pretendemos defender. Democracia acima de tudo, aliás, sem competição não há qualidade nem amelhoramento, desculpem o capitalismo...

Termino com uma frase do livro que acabei de lançar na Bienal de SP: Os mais ignorantes são os mais fiéis vassalos dos opressores. Defendamo-nos deles ensinando-os a progredir. Do livro A Chave do Grande Mistério.

Muito amor e carinho para todos.
Helder você em especial, um primo muito querido, ainda havemos de fazer um curta juntos.
Ao meu bom amigo Vidal, lembre que o meu marido, Aguinaldo Filho, era chamado de melancia antes de sair do Brasil e ir para a Suécia. O absurdo: por dizerem que ele era melancia não foi trabalhar na Globo, hoje é a Globo que defende o regime em vigor neste país que se diz de esquerda.
Nos Estados Unidos sempre votei no homem, nunca no partido. Do pior escolhia o melhor... O problema no Brasil é que se votasse não saberia em quem... talvez com vontade de votar em alguém que não fosse candidato.

É precisamente porque temos uma visão fora do cubo que podemos ver o todo. Porém, e isto é muito importante, nós também aprendemos muito com vocês, os que ficaram. Tal como iniciei esta carta, o debate é sem dúvida a forma mais sublime de aprendisagem, os gregos não me deixam mentir...
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respostas:
Que coisa linda, Rosinha! devias mandar pra´vários jornais: Folha de S.P.", por exemplo!
parabéns. Escreves tão bem...
abç apertaaaado
bj
beth


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Parabéns Rosa! Fico feliz em ter uma amiga como você. Abraço carinhoso. Carlos Alberto

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Rosinha, parabéns! Não é à toa que você é uma escritora consagrada, pois sabe expressar-se claramente, se exime de tomar partido e enxerga todos os lados do cubo, pois está fora dele. Sou seu fã e concordo que o debate é sem dúvida a forma mais sublime de aprendizagem.
Beijo e bom fim de semana a todos
Eustáquio

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Rosa querida, nossa flor de Primavera,
Sábias e ponderadas palavras.
Bjo do
Antunes S...

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A D O R E I
tudo, os debates, os e-mails, as pessoas que passei a conhecer!
E sua declaração pulsante que coaduna com meus pensamentos.
Beijo

Rosane

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Pois é, jurei que nunca mais 'passaria' emails deste tipo pra ninguém...perdoem-me. De fato, estive 38 anos fora, exatamente pelos motivos citados no passado, e hoje estou de volta. Porque? não tenho a menor idéia, mas quem pode afirmar porque fez o que fez? Any way: De certa forma estou contente que gerou um debate (democrático, I hope) e melhor compreensão 'entre os homens de boa vontade'. Acho até que nos aproximou um pouquinho... mas o que realmente me tocou profundamente foi a decisão da minha esposa, Rosinha, de escrever o que escreveu. Orgulho-me imensamente de compartilhar minha vida com esta Pessoa que coloca o direito humano, o respeito humano, a dignidade humana acima de tudo, I mean, DE TUDO! Rosinha, meu amor, vamos repetir tudo?
Ergo uma taça de vinho Maison de Ville (gaucho) a todos, friends an foes.

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quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Remendos

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Proibiram a palmada
E a criança vira titan... desenfreada.

A mãe não aguenta,
o padre alivia na confissão onde fé tudo alimenta.

A mãe descansa no terrorismo psicológico e religioso
Os santos incutem medos de olhar enganoso.

A palmatória sai do dicionário
E o inferno do relicário.

Nada muda, só se afunda...
.

sábado, 4 de setembro de 2010

Cartas

Rosa

Bom dia!
Gostaria de parabenizá-la pelo magnífico trabalho que tem feito...No Natal passado presenteei meus 4 irmãos, meus pais e minha melhor amiga com seu áudio livro "Segredo além do pensamento"...Já ouvi muitas vezes e estou escutando novamente e posso dizer que tem sido de grande valia nestes últimos dias... meu marido tem passado dias difíceis...Seu pai está na UTI faz dias e agora há pouca esperança de que ele se recupere... Além disso, terça feira sofreu um sequestro relâmpago, ficando um bom tempo sob a ameaça de um revólver , tendo sido deixado na estrada...Levaram o carro, seu violão entre outros objetos de valor, mas felizmente ele não sofreu nenhum tipo de ferimento... Passamos a noite agradecendo a Deus pela sua vida e por todo auxílio que recebeu, pois o primeiro carro a quem pediu carona parou e eram policiais voltando do plantão... Deixaram-no na delegacia e ele foi bem atendido. Desde então temos procurado manter o equilíbrio e a serenidade certos de que nada ocorre por acaso, e que tudo é para o bem e aprendizado e que somos responsáveis pelos acontecimentos que atraímos. Ele tem refletido bestante e tem idéia do que fez com que isso tudo ocorressse... Sinto-o bem mais maduro e lúcido e agradeço muito a você pois sei que seu trabalho contribuiu para isso, assim como deve estar ajudando a muitas outras pessoas. Tenho procurado através de boas leituras e meditação manter-me em equilíbrio para poder auxiliá-lo melhor. Hoje acordei sentindo a necessidade de agradecer a você... Muito obrigada! Que você e os seus possam receber multiplicado todo o bem que tem espalhado... E sei que isso acontecerá!
Um dia maravilhoso!
Abraço.
Cristina