terça-feira, 5 de abril de 2011

Carta sobre feiras do livro

Bom dia Donato,

Como você sabe, eu sou muito otimista por natureza. Até acredito que a Humanidade tem cura... Porém, em relação a feiras do livro em Florianópolis todas as cores se esvaem num cinzento triste, arrogante e feio de doer a retina.

Há uns dois anos, na feira do livro de Florianópolis, mesmo em frente ao stand dos escritores da terra estava o stand da livraria Catarinense. Entrei, olhei, tornei a olhar e perguntei à empregada com cara de quem nunca leu um livro - e se tivesse lido nunca seria made in Brazil...
"Tem algum livro de Rosa DeSouza?"
"Quem?"
Respondi ainda "Rosa DeSouza, ela tem 5 livros em áudio e dois impressos à venda na Catarinense. As editoras são Ibrasa e AudioLivro".
Resposta: "Não. Só temos livros estrangeiros, ninguém procura os outros".

Tive vontade de lhe dar uma bofetada pela insolência, má criação e ignorância. Contudo, já saindo ainda disse "É por isso que eu aqui no Brasil só vendi 7.000 livros. Claro, não foi em Florianópolis..."

A Catarinense já vendeu mais de 500 livros meus, se contar com o Paraná. Os meus livros fazem tanto sucesso em São Paulo, Rio, Santos até Manaus... que eu não procuro editores, são eles que me procuram, por isso estou prestes a assinar contratos com outra editora de Sampa.

Tudo isto para vir uma sirigaita em nome de uma grande livraria, numa feira de livro local, arrotar caviar sem nunca ter ido além de sardinha, falando da grandeza de livros importados...

Isso fez-me lembrar quando eu tinha 39 anos e era linda e cheia de viço. Um dia fui numa grande loja, Macys, em Washington DC e perguntei à empregada de balcão se tinha um tal creme. Resposta:
"Para uma mulher da sua idade usaria tal e tal".

Virei-lhe as costas e fui falar com a Manager. (Mulher entende essas coisas melhor do que os homens) Quando voltei ela não estava mais lá. Talvez a tivessem mandado tirar um curso...

Quem não me conhece, pode pensar que sou amarga, mas não. Sou calma, muito bem resolvida, tranquila e, como disse antes, muito otimista. Porém não aceito incompetência ofensiva. Se eu tivesse uma loja essas pessoas não trabalhariam para mim, por que simplesmente afastam os clientes.


Acho bem que trabalhem com esperança, entusiasmo e muita dedicação. Eu já desisti de feiras do livro. Fisicamente apenas participo das Bienais do Rio e São Paulo. Os editores que se preocupem com as outras Bienais ou feiras. O problema é que em Florianópolis as livrarias não reconhecem o escritor local, mesmo que tenha sucesso algures. É por isso que meus livros estão sendo publicados em inglês nos Estados Unidos e Inglaterra. De lá eles voltarão ao Brasil. Infelizmente não serão comprados pelo conteúdo, mas pelo passaporte...

Abraço carinhoso,
Rosinha

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